"Que apesar dos pesares conserva o bom-humor, caça nuvens nos ares, crê no bem e no amor."
Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Trovoada

Sinto passar o vento,
em círculos, só observa...
portas e janelas estão abertas
mas ele não quer entrar
há uma Brisa aqui dentro  
ela é mansa e afaga a alma inquieta
é luzeiro, farol de estrelas no céu 
é raio, lampejo, clarão do crepúsculo...
às vezes ouço o balbuciar de um sopro na janela
parece um cântico, um assobiar
mas não consigo decifrar a letra
sopro quase mudo, nada diz...
tem rodopio tímido, vagaroso 
não consegue subir escadas,
não embala a rede exposta na varanda...
_ ao menos seria um sinal; ventania dobrando a esquina
cheiro de poeira molhada, ventos de mudanças
ah! vento dengoso, manhoso...
és marcha lenta, transporte de inquietudes
um vai e vem de ameaças tempestivas
seria uma utopia de verão? ... não!
_ pois não quero o olhar turvo da expectativa debruçada na janela
nem a chuva fininha e morna lavando a cara da esperança
_ não tenho medo de ventania
o que eu quero mesmo é uma grande trovoada
Lene Soares

sábado, 3 de novembro de 2012

Intuição

 Flores caídas
argila modelada
caminhos inversos
diversos desertos
invernos longos
intuição 
cheiro de chuva
é verão
flores molhadas
desprendimento
delicadeza dos ventos    
caminho adiante
flores no chão
sim! 
sempre vivas
bem querer
amor
gratidão 
flores repartidas 
pétalas     
comunhão
força
vitória régia
leveza
margaridas
exalar
amor
transpirar
docilidades
Flores
perfume
visceral
Lene Soares