"Que apesar dos pesares conserva o bom-humor, caça nuvens nos ares, crê no bem e no amor."
Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 28 de junho de 2011

Fotografias têm cheiro...


Saltou do retrato da minha infância cheiros de lembranças que jamais quero apagar!
Minha memória tem cheiros que me puxam pra dentro das fragrâncias do tempo...
Fecho os olhos e identifico os que me marcaram: Amoras vermelhas colhidas no quintal espremidas num pano branco, têm cheiro de primos. Goiabas maduras no pé têm cheiro de tios fazendo doce em tacho de cobre. Maçã embrulhada em papel  de seda roxo tem cheiro de avô vindo de São Paulo nos visitar. Livros, cadernos e lancheira têm cheiro de cuidado de mãe. Passeios à cavalo, museus, desenhos à mão livre, histórias/estórias, curiosidades... têm cheiro de pai . Carne assada com batatas coradas têm cheiro de família reunida aos domingos. Piquenique, acampamento,  praia e cachoeira têm cheiro de gargalhadas soltas de irmãs. Beijo, abraço, aperto de mão... tem cheiro das brincadeiras inocentes com os meninos da rua.  Diários, segredos e risos... têm cheiro de amigas. O primeiro sutiã tem cheiro de expectativas, ansiedades e sonhos.  Os sonhos têm cheiro de  vida, namoro, beijos, brigadeiros e bolo de casamento. Casamento tem cheiro de felicidade; e felicidade tem cheiro de filho.  Filho tem cheiro de colo, de passarinho que cresce e aprende a voar carregando um pedaço de si.  Abro os olhos e guardo com carinho e nostalgia os cheiros das lembranças.  Meu coração tem o cheiro de um retrato!
Lene Soares

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Flor da saudade...


A saudade bate em minha porta
vagueia em meus pensamentos
a distância me faz refém
aprisiona meu sorriso
querendo leva-lo cativo
lágrimas são gotas de orvalho
sangrando em meu peito
Quero voltar a ser flor
que se abre no entardecer
dos teus abraços
Quero a ternura do teu sorriso 
acalentando minha alma
Quero a doçura do teu olhar  
trazendo o frescor  do novo dia
Saudade...
a porta está aberta, 
mas não impeça que eu seja flor!
Lene Soares

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sonho real...

Foi sonho e foi realidade
Vestiu-me de amor e despiu-me em saudade
Desapareceu escurecendo sonhos 
Cega é a realidade que tateia lembranças...
Sentimentos apalpados não respondem ao toque de sonhos adormecidos
Tento esquecer sonho e realidade...
Mas na sombra dos meus olhos, ainda vejo clarões das luas de Maio
Bebo o doce e o amargo da agonia de te esquecer!
Lene Soares

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Saudade...






E de repente o silêncio.
É um silêncio profundo de ausência

que atravessa a noite em versos
Busco teu gosto de mar
 numa vontade nua...
Arde o peito em brasas, saudade!
Será que pensa em mim?
Lembranças de beijos de mar em lua 
Hoje a noite canta triste, nua, e cinza
Sabor do sal imita o mar na lágrima que o vento traz...
Saudade adormece em meu peito... 
sonhando com a música da tua voz. 
Lene Soares