"Que apesar dos pesares conserva o bom-humor, caça nuvens nos ares, crê no bem e no amor."
Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Saudade...






E de repente o silêncio.
É um silêncio profundo de ausência

que atravessa a noite em versos
Busco teu gosto de mar
 numa vontade nua...
Arde o peito em brasas, saudade!
Será que pensa em mim?
Lembranças de beijos de mar em lua 
Hoje a noite canta triste, nua, e cinza
Sabor do sal imita o mar na lágrima que o vento traz...
Saudade adormece em meu peito... 
sonhando com a música da tua voz. 
Lene Soares

sábado, 28 de maio de 2011

A Espera...

Mel era o gosto dos teus beijos
favos teus abraços
Zangão e Rainha
em versos encantados
Letra e Poesia
uma só paisagem estampada na tela
sombras vivas em pintura íntima
traços abstratos pintam o retrado da espera
  ponteiros do destino se apressam
até que o amanhã seja agora
...ou nunca!
Lene Soares

terça-feira, 24 de maio de 2011

Choveu

A música me acalma em meio as tempestades... 
me faz chuva mansa no telhado, leve, molha e 
lava meu quintal. Me atravessa em espaços de 
estrelas tristes escondidas, varre folhas secas e cacos. 
Abre minhas janelas, e deixa o sol entrar. 
Lene Soares

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Encontro de poemas

Juntos formaram uma bela poesia
Ali exprimidos no curto espaço de tempo
Encarando selva de pedras, corajosos e destemidos
Enganavam as horas sem muitas palavras, apenas sentimentos
Atravessaram a cidade em meio às sombras das montanhas
Montanhas de pedras, que se perdiam quase no além dos olhos
O silêncio era um barulho pontuado de gente, de carros e buzinas
No peito carregavam uma quietude inflamada de desejos
Gestos de carinhos concentrados em lembranças de páginas carmim
donde escorriam poemas em êxtases
E ali, nos corredores da selva, bem na curva, leves como a pluma
Em sintonia, sorriram feito vôo de pássaros livres
E pousaram 
E pausaram
E tudo se transformou em mistério e medo
Medo de ir e ficar perpetuamente em torno de si...
Ficaram as lembranças de beijos úmidos, abraçados a poemas em êxtases...
Num jeito bom de acolher, de ninar, e de guardar eternamente na memória.
Lene Soares

segunda-feira, 28 de março de 2011

Som do Vento





Sim! Eu conheço o som 
do vento que me acompanha
Reconheço-o principalmente 
nos silêncios das noites mal dormidas
Como um Prélude de Bach
ecoa em meus pensamentos 
Acalma meus sonhos
lava minha alma 
Sinto-me leve outra vez 
Como areia lavada pelo beijo 
de espumas brancas do mar
Sinto minha face beijada pelo som do vento. 

Lene Soares

Teus olhos


Teus olhos fixos em mim
transparentes, apesar de negros
Vejo vidas...
A minha
A sua
A nossa...
Memórias expostas
de um passado presente,
e de um futuro distante...
Desejos engolidos pelo tempo
lutando, tentando quebrar 
a névoa das amarras... 
Gritos sufocados seguram 
minhas mãos e segredam palavras... 
Me vejo no profundo deste olhar
Sensações envolvem e despertam o amor que há mim...
É a primeira vez que vejo olhares que se beijam, 
e ardem entrelaçados num só...
Na transparência dos teus olhos
vejo minha resposta... 
Sim amor, quero teus olhos fixos... eternos em mim! 

Lene Soares

Devolva-me!



Ando procurando me encontrar
Por onde andei? Pois, em algum momento me perdi...
Onde andas pedaço de mim?
Se tu souberes, devolva-me agora!
Não me escondas em silêncio e clausura
Silencias teus quereres
Os meus não!
Onde anda minhas pressas, sonhos e festas?
Como saber onde estás

Se nesta espera do encontro
Nada se encontra faltando um pedaço de mim.
Lene Soares

quarta-feira, 9 de março de 2011

Senhora Poesia


Vivo porque a poesia vive em mim
E seus versos me abraçam logo pela manhã
Tudo ao meu redor transpira poesia
Reflexos do dia entram alegres pela janela do meu quarto
E beijam minha face com doçura
Depois, correm pela casa como crianças em dias festivos
Tudo fica iluminado
- passarinhos gorjeiam em um coro afinado, alegre
- enquanto que borboletas dançam ao som do jazz de cada dia
- todos dançam, na verdade!
A cantoria nunca cessa 
Apenas ao anoitecer, adormecemos todos embalados pelo blues
- um poético amigo do jazz, que já faz parte da família
A poesia é senhora dos meus dias
E seus versos, hão sempre de gotejar em mim
Feito chuva fresca em terra árida, formando desenhos  
iguais aos acordes de uma linda canção.
Lene Soares

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O lamento

Já não te vejo bem... Você existe?
Dizem que existe, aí, em algum lugar...
Será que devo alimentar mais um sonho que um outro se desfez?!
Vultos? Ventos? Pôr do sol? Mar? Estrelas? 
Será que vem? Será que vejo? Será que sinto?
-Não sei se me vês assim também, amor... Agarrada à uma tal esperança...
-Cego está quem? Eu ou você?
Será um fantasma de amor que vive assombrando este pobre coração?
Estarei condenada à solidão?
-Não sei, amor! 
Tem dias que és tudo que mais quero... 
Em outros, tão cansada, és um simples nada! Chego a odiá-lo!
És o vulto da esperança que passa nos dias que já são breves e beija a minha boca...
Mas há dias que adormeces em meu peito como pedra, e, me amarga a boca como fel... 
Em outros, estás tão vivo que me arde em tudo como brasas...e a boca quase que escorre em mel...
És aquele que vive e que morre em mim sem nenhuma piedade...
Sou a mulher e a viúva daquele que nem sequer conheceu
Hoje é daqueles dias que me aperta o peito como pedra...
Ai meu Deus! Que tormento este meu lamento...
Lene Soares

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Memórias

Na minha memória, e no meu coração tão cheio de sustos e marés
você ocupa o lugar mais bonito.Todas às manhãs, teu perfume me traz um gosto de vida pelas veredas deste meu jardim. E de repente, no caminho, entre alguma curva do crepúsculo, eu possa me encontrar. E assim, te reencontre... por caminhos enveredados de pétalas que se aninham em um leito de puro orvalho de amor.
Lene Soares

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Céu Azul


Vejo-te no azul do céu...
olhando nuvens leves e brancas que me enchem de esperanças...
_ o meu amor é a  perfeição que Deus criou para me embalar! 

clamo por teus braços fortes num lençol do quarto solitário,
que me observa nessas horas cálidas de todas às manhãs...
mas, num dia, me verá toda tua por testemunha!

sigo a rotina ainda em sonhos...
fecho os olhos imaginando o inusitado que diviso pelas ruas...
_ o cruzar dos teus passos com os meus...

_ o encontro que trará calmaria à fome da minha sede...
       minha boca têm a fome da tua
       meus olhos têm a sede dos teus
 
minhas mãos anseiam o toque das tuas
carne da tua carne quer ser uma só com a tua
sombra agarrada à tua sombra, doce e calma...
_ sou a quimera da tua alma, meu amor!
e, sem viver, ando sonhando viver contigo...
deixa-me andar lado à lado por teus caminhos...
_ por toda a vida, amor meu! 

bem devagarinho, sem pressa...
em passos leves...

amando, sonhando, vivendo... 
_ como se fôssemos um par de nuvens brancas
enfeitando o céu azul de todas às manhãs
Lene Soares

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Arpoador

Escrevi esses versos andando por sonhos
de um tal Arpoador que não conheço... 
que não se mostra, que não se desnuda
procuro tocá-lo, mas não alcanço...
vejo um pôr do sol no final 
reflexos de luz divina 
sigo como sinal...
o caminho é incerto, a areia é  morna
as ondas são de ilusões 
o mar está imóvel, o tempo estático
eu, o andarilho, no caminho desconhecido...
pensamentos que diferem, a montanha é dura
brisa no rosto, mas, areia nos olhos
ouço o som, batidas do coração
um martelar, sim ou não?!
o sinal me é nítido, farol que fala
tudo é miragem, fantasia de verão
sonhos de arpoa(dor), des(ilusão)
ouço sussurrar o vento
prosseguir...
inspirar
respirar paz...
encerrar ciclos
mergulhar na vida
sorrir realidades
abraçar verdades
caminhar no chão
do bem e do amor...
Lene Soares

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sobre amor e paixão


A paixão é a chama que alimenta o fogo do amor...
Não acredito quando dizem que paixão é fogo de palha
Paixão aquece e alimenta o amor, não importa a idade...
Seria bom que se fosse preservado ao menos um faísca acesa...
Sem paixão tudo é monótono, comum...
É um aviso constante de perigo,
um alerta à rotina e ao  tédio...
A paixão  impulsiona o amor para o ápice,
quando se  está em estado de conformidade...
Mas é preciso cuidado na dosagem...
Não se vive só de amor ou só de paixão...
Se caminham distintos, também não prevalecem na essência...
Amor e paixão se respeitam...
É preciso deixá-los respirar, em dias de solitude...
Amor e paixão são livres, por isto  se completam
e caminham juntos.
A paixão pode até ser confundida com amor,
de tanto que um anda misturado no outro
Dizem que o amor é  duradouro e
que a paixão é  intensa...
Que paixão é sombra passageira e
que o amor é porto seguro
O que sentimos, amor ou paixão?
O amor dá  carinho, colo, cafuné...
cumplicidade, estabilidade, companhia...
A paixão dá o impulso, a tensão, o desejo,
a química, a pele, o cheiro, o mistério...
Amor sem paixão é amizade,
paixão sem amor é atração...
Eu prefiro andar de mãos dadas com os dois!
Lene Soares